segunda-feira, 21 de maio de 2012

O amor é sua estrada mas o caminho é o tempo

Se um dia alguém te perguntar sobre um perfume de mulher
Não esqueça o beijo
o batom,
o palavrão educado,
e o tapa
No espaço inverossímel dos lábios...
espelho da mulher...
dos olhos...Janela da menina.
O amor é sua estrada mas o caminho é o tempo.
Sobre você o sol vai nascer.
Então pare, olhe e ouça o grito,
Que não sei se precisas soltar...
Ana Machado - Grande Poetisa Potiguar

Numa madrugada navegando pelas redes sociais... um amigo, desses que encontramos pelo caminho e torna-se lastimável não poder sorver de sua sabedoria mais vezes, publicou este singelo poema. Um poema que parece trazer alguns dos questionamentos levantados pelo feminismo.

O pequeno trecho "O amor é a sua estrada mas o caminho é o tempo" nunca resumiu tão bem a minha concepção do feminismo. Isso porque esse caminho, nada mais é, do que a eterna luta da mulher em busca de amor, um amor que é livre, lhe compreende e lhe permiti o gozo da completa autonomia... pra escolher seus papéis... pra seguir suas vontades... e o feminismo é isso... a eterna busca da afirmação da mulher enquanto ser humano e não como adversária dos homens, mas sim adversária do machismo que lhe tolhe as possibilidades. 
 
Mas como toda mulher esta imersa na época em que vive, principalmente em suas amarras, o caminho é o tempo. A busca desse amor não ocorre senão aos espinhos da estrutura social, das pessoas impregnadas na ignorância, ou do fanátismo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Meu Feminismo

Meu Feminismo é uma descoberta recente de mim mesma. Há quem diga que o Feminismo é nada mais que um discurso decadente ou ainda um discurso de ódio aos homens visando a sua destruição. Muito pelo contrário, o Feminismo não trata de homens e sim de mulheres, e de como essas mulheres reagem numa sociedade controlada por homens.
Mas, longe do discurso acadêmico, meu ingresso no Feminismo foi acontecendo ao longo do tempo... num puro instinto de aproximação por afeição. Já fazia parte da minha identidade a luta pelos direitos das mulheres, pela igualdade num sentido positivo, entretanto eu não me identificava como feminista.
Mas por que isso? Medo de que sobre mim fossem impressos o esteriótipo de rancorosa mal-amada, pelo simples fato de questionar a disposição dos organismos sociais sob a pespectiva machista?
Não. Diante dessas situações resgato a força e rebato os mais sórdidos argumentos que os fracos buscam para enfrentar rispidamente as coisas que não entendem. Procurando uma cura para todo esse sentimento de deslocamento que acomete uma pessoa que não se enquandra nas regras do jogo, eu encontrei o Feminismo. Ou melhor, eu encontrei repostas, mais perguntas e outras repostas de como lidar com esse sentimento derivado da inconstância de ser uma mulher feminista numa sociedade machista e desigual.
Verdadeiramente, meu Feminismo parte de uma afirmação bem sólida: quero gozar da liberdade de ser eu mesma sem responder a nenhum padrão. Subverter os padrões de feminimo e masculino considerados normais e corretos, apresentando idéias, habilidades e gostos  que a sociedade historicamente negou as mulheres.
Várias mulheres reunidas em torno da solidariedade instigada por esse tema deram origem ao Blogueiras Feministas, que inicialmente era apenas um espaço para diálogo entre feministas e aos poucos está assumindo um mote de cyberativismo. Ressaltando-se que não se trata de um clube da luluzinha, pois são aceitos homens e mulheres simpáticos a temática feminista, do qual tenho orgulho de fazer parte.
Então, fica o convite para aqueles que quizerem visitar o blog do grupo, acompanhar as discussões e tecer seus comentários.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Marcas

Sabe, é interessante como as pessoas conscientemente ou inconscientemente demarcam suas vidas com fases de profundo amadurecimento. Algumas impulsionadas pelas dificuldades da vida, outras pela necessidade de responder perguntas, mas geralmente todas, após uma fase de crescimento pessoal, ao olhar para trás, enxergam novas marcas que não existiam, novos desejos, novas roupas, enfim um novo cenário.
Olham e riem muito... não sabendo explicar como viviam assim ou simplesmente como tudo mudou. Sabe, é muito mais interessante... olhar para dentro de si mesmo e enxergar essas mudanças, ou ainda é de muito mais valia olhar para dentro de si mesmo e sentir que as coisas não se encaixam, é preciso mudar.
Toda pessoa é incompleta e por mais que esteja satisfeita com sua vida, os caminhos levam a mudanças e quão necessárias são essas mudanças. O passar dos anos não deveriam ser contados pela idade cronológica e sim pela sobreposição desses periodos de sublevação. São as incontavéis sucessões destes conflitos que preenchem a vida.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Refazendo o caminho

Acredito que todo o acadêmico quando está concluindo um curso perde um pouco de sua identidade, um pouco de seus sonhos, um pouco de calorias, um pouco dos seus desejos. Todas essas perdas acontecem como as migalhas que caem ao chão e vão se enfileirando ao longo da estrada. Longe de parecer uma tragédia essas perdas são necessárias para a formação de uma nova identidade, como em todo processo de amadurecimento.
Contudo, essas perdas me atiraram num limbo, muitas possibilidades, muitas perguntas e poucas respostas, e mais uma dose de sentimentos confusos, desconexos. Além disso o corpo perecia, o cansaço mental e espiritual encobria tudo exigindo a sua parte daqueles cinco anos. No auge dessas incertezas descidi começar esse pequeno diário, mas me faltaram forças e o distanciamento necessário para analisa-las e compartilha-las.
Nesse turbilhão o mais importante de tudo foi se permitir: descansar o tempo necessário, deixar o pensamento voar e pousar onde desejasse, sem pressões e constrangimentos, enfim se permitir fez parte do processo de cura e restauração do equilibrio. Com a alma e a vitalidade restauradas voltemos a preencher esse pequeno diário, pois as peças já encontraram os seus lugares e as palavras saltam em direção ao papel.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Tempos modernos e a extinção da felicidade

Durante toda a minha vida sempre pensei a frente, imaginava planos mirabolantes, muitos projetos a desenvolver que somados, além de satisfazerem a minha sede por felicidade, de uma continua e diária vida de felicidade, me levariam a um ponto de satisfação plena e me fariam olhar para trás e pensar: valeu a pena tanto esforço!
Esses planos eram sempre articulados segundo a pureza da minha intuitação, as opiniões e julgamentos alheios nunca me detiveram, simplesmente eu observava as coisas ao meu redor e colhia os fragmentos que me agradavam e esculpia minha personalidade, tudo numa grande brincadeira, na busca da felicidade diária. Tudo era tão simples, tão bonito, tão fácil, a felicidade brotava de pouco dinheiro, de poucas roupas, e de muito carinho, amigos e tempos de ócio.
Então com o fim da redoma de ingnorância que me cercava a conquista da felicidade diária se tornou cada vez mais difícil, e por todos os lados somente se via opressão e exigências de adequação a um tipo de padronização que servia para mim. Então hoje a sensação que levo comigo é de que eu perdi algo em algum lugar.
Os tempos modernos tem muito disso, se antes os nossos pais reclamavam de um excesso de regras derivadas de um certo conservadorismo antigo, hoje reclamamos a perda de um sentimento que a própria sociedade nos rouba.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Cultura Jurídica e Ignorância

Já comentei por aqui que acabei de ingressar para o mundo juídico oficialmente, porque universitária trabalhando de escraviária (estagiária + escrava) não conta, e com a pouquíssima experiência após a conclusão do meu curso, já me deparo com as dificuldades e alegrias que permeiam as carrerias jurídicas.
Explico... o mundo das leis, com suas câmara de vereadores, advogados e juízes, é algo estranho para a maioria dos cidadãos brasilieiros, isso é fato. Porém essa característica própria de pérolas em suas conchas não é oposta somente aos leigos, mas também aos próprios integrantes desse sistema. Não raramente portarias, leis e diretrizes que disciplinam os trâmites jurídicos não são divulgados, ou ainda escondidos, e informações são negadas aos pobres colegas inexperientes.
Ainda pertenço ao limbo daqueles que concluiram o curso mas ainda não tem uma carreira jurídica própria dita, pois não sou advogada, nem passei num concurso público, mas já sinto os primeiros sintomas da alta seletividade desse campo.
Muitos alegam que essa é uma estratégia para descalificar os novos concorrentes a um mercado de trabalho já abarrotado, mas esse fenômeno deve ser nomeado de outra forma: a reprodução da ignorância. Ignorância no sentido de desconhecimento, de falta de acesso ao conhecimento. Falta cultura jurídica e conhecimento da ambrangência do termo cidadania a população, no entanto, mais grave que isso é um sistema jurídico que foi pensado para se sustentar sobre suas falhas.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Um começo

No último sábado, dia 13 de março, aconteceu a cerimônia que marcou oficialmente a minha entrada no mercado de trabalho e o abandono do campus universitário e do sentimento de pertencimento a uma massa, uma verdadeira classe social que reune os incontavéis jovens universitários brasileiros.
De certo, mesmo antes da cerimônia que me outorgou o grau de Bacharel em Direito, os dissabores do ingresso em uma nova profissão já eram sentidos, contudo, lembrar da conclusão desse curso é sobretudo lembrar de uma história de amadurecimento e principalmente de muitas conquistas.
Das muitas palavras dirigadas aos formandos nessa ocasião, uma pequena frase da Profa. Márcia me chamou atenção, porque vinha reforçar a resistência que deveriamos demonstrar diante dos percalços de todo início de uma nova profissão, a querida mestre citou que o conhecimento é um mecanismo de libertação, independentemente das limitações que nos sejam contrapostas e que nós contrariem durante o exercício da profissão, a liberdade de opinião, dos pensamentos e percepções fica preservada. Isso simplesmente significa que no seu íntimo, o seu conhecimento nunca poderá lhe ser tirado ou encarcerado, proibido.
O Direito na minha vida teve esse papel, ofereceu a libertação para muitas amarras e nesse processo provocou o amadurecimento e o desenvolvimento de habilidades que eu não imagina ter. A abertura ao conhecimento, de qualquer forma, seja fazendo um curso superior, lendo uma revista, um livro, é sinônimo de libertação, mas que também gera responsabilidade, mas isso é assunto para outro post ;)